Alfredo Marceneiro - As suas músicas FADOS CLÁSSICOS
Alfredo Marceneiro fala dos seus estilos e dos pregões
Alfredo Marceneiro, apesar da fama que já ganhara e da aceitação que tinha como fadista, continuou a trabalhar no seu ofício. Os fados cantava-os por amor à arte, embora nessa época já existissem cantadores que ganhavam dinheiro como "negaças" nos Cafés de Camareiras e nos retiros. "Negaças" eram cantadores de menor nomeada, contratados especialmente para atrair, em despique, outros fadistas de maior fama.
E este era um acicate a que Alfredo não renúncia!
Os locais mais frequentados eram o Caliça das Pedralvas, o Bacalhau, ambos eles ali para os lados de Benfica, e ainda o Perna de Pau na Charneca, o Retiro da Severa (Luna Parque), Terraço da Cervejaria Jansen, Ferro de Engomar, Café Luso na Avenida, Castelo dos Mouros no Parque Mayer, Salão Artístico de Fados, Júlio das Farturas, Olímpia Clube, Boémia na Travessa da Palha, Solar da Alegria, José dos Patacos, etc.
Certo dia no "Cachamorra", Alfredo Marceneiro acompanhado pelo poeta Henrique Rego, de quem entretanto se tornara amigo e que tinha passado a ser o seu poeta preferido, foi desafiado por um grande fadista dessa época, Manuel Maria, para cantarem ao desafio ao som do Fado Corrido, tocado em «marcha». Alfredo aceitou e Manuel Maria cantou primeiro dando um estilo que passou a chamar-se de "Marcha do Manuel Maria" (nos fados clássicos o fadista escolhe o tom, para melhor poder improvisar o seu estilo). Enchendo-se de brios, Alfredo pediu que o acompanhassem no mesmo tom e improvisou de tal maneira que criou, também ele, um novo estilo. Nasceu então uma das suas mais lindas músicas: "MARCHA DE ALFREDO MARCENEIRO".
Deste desafio resultou ainda mais fama para Alfredo Marceneiro, que sempre cantou cultivando um estilo próprio, estilo esse que teve sempre reminiscências de «bailarico». Aliás, nas opiniões do guitarrista Casimiro Ramos e do grande fadista Filipe Pinto, todas as obras musicais do Alfredo têm um sotaque de «bailarico».
Foi com Casimiro Ramos, seu acompanhante á guitarra no Clube Olímpia, que Alfredo Marceneiro cantou um fado com versos de Carlos Conde, criando mais um estilo inédito. Nasceu mais uma das suas sensacionais músicas — "Fado Bailarico".
Outros estilos surgiram, o Fado CUF, o Fado Balada, o Fado Louco, o Fado Versículo Pierrot (improviso no fado menor), os Fados Alexandrinos, Lembro-me de Ti, Bêbado Pintor e o Laranjeira, o Fado Mocita dos Caracóis, o Fado Cravo, o Fado Pajem, o Fado Bailado, o Fado Cabaré. Aliás, Alfredo Marceneiro fazia questão de frisar: "— Nunca canto o mesmo fado da mesma maneira pois, em cada interpretação consoante o tom escolhido improviso e crio um estilo novo". Foi esta particularidade que, decerto, lhe granjeou a sua grande fama que ainda hoje perdura de «o maior estilista».
Como se pode verificar quase todas as suas músicas, Alfredo Marceneiro dá-lhes o mesmo título da letra que ele cantou pela primeira vez. Foi o "criador", como se dizia na época, isto porque havia o brio de cada fadista ter o seu repertório privativo.
Alfredo Marceneiro, teve o 1/326 como seu número de inscrição na SOCIEDADE DE ESCRITORES E AUTORES TEATRAIS PORTUGUESES, como sócio administrado. Eis algunspoemas que cantou e para tal "criou estilos" ou seja as suas músicas.
ALFREDO MARCENEIRO FOI O MAIOR ÍCONE DO FADO, FOI O MAIOR ESTILISTA DE TODOS OS TEMPOS, E AINDA É HOJE SEM MARGEM DE DÚVIDAS, CONSIDERADO O MAIOR CRIADOR DE MÚSICAS DOS FADOS CLÁSSICOS EXISTENTES.
FADOS REGISTADOS
Fado Aida
Fado Alexandrino Eu lembro-me de ti
Fado Alexandrino Bêbado Pintor
Fado Bailado (conhecido também como Estranha Forma de Vida)
Fado Olhos Fatais
Fado Bailarico
Fado Balada
Fado Cabaré
Fado Cravo (conhecido também como Fado Viela)
Fado Cuf
Fado Laranjeira
Fado Louco
Fado Marcha do Marceneiro
Fado Maria Marques (ou Vestido Azul)
Fado Mocita dos Caracóis
Fado Odéon
Fado Pagem
Fado Versículo Pierrot (conhecido também como Fado Menor em Versículo, ou somente Fado Versículo)