ALFREDO MARCENEIRO - As Cegadas
As cegadas eram a maior diversão popular da época e até meados de 1926 constituíram a febre máxima da gente humilde
Em 1908, com dezassete anos, consegue almejar o seu grande sonho: sair numa cegada.
O papel que lhe é dado não é de grande destaque, pois os principais personagens são entregues aos mais experientes.
Como nas cegadas não era permitido a actuação de mulheres, este seu primeiro papel é de "travesti". Esta cegada foi adaptada de um filme mudo com o título " O Duque de Guise", pelo poeta popular Henrique Lajeosa, fazendo Alfredo o papel de amante do Duque.
Noutras cegadas entrou, mas a que mais o celebrizou, na época foi da autoria do grande poeta popular Henrique Rêgo, intitulada "Luz e Sapiência", que tinha como conceito poético um despique entre dois personagens: um Toureiro e um poeta — dois tipos diferentes de arte —, em que o poeta compara o matador de touros a um simples magarefe. No papel do poeta, Alfredo atingiu grande êxito, emocionando todos quantos o ouviram. É de realçar que, até ao fim dos seus dias, Alfredo Duarte ainda era capaz de recitar, não só todo o seu papel nesta cegada, como o dos outros intervenientes.
Alfredo teve sempre o gosto pela arte de representar e gostaria de ter sido actor profissional, mas a vida reservou-lhe outro destino. No entanto, ainda chegou a pisar um palco de teatro, só que ligado ao Fado, através da sua participação na opereta "História do Fado", que teve lugar no Coliseu dos Recreios, contracenando com Beatriz Costa e Vasco Santana.
© Vítor Duarte Marceneiro in “Recordar Alfredo Marceneiro”
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