DVD e CD de ALFREDO MARCENEIRO - 3 Gerações do Fado, CD Alfredo Marceneiro é só Fado
Créditos: Realização de Luis Gaspar: (1979)
Produção e Coordenação: Vítor Duarte (1979)
Registo magnético e misturas: Vítor Duarte (1979)
Produção e remontagem: Vítor Duarte (2007)
Video Clipe Extra; Realização: Vítor Duarte (2007)
Textos de: Vítor Duarte (2007)
Maquetização e Capa: Pedro Matias (Ovação 2007)
Coordenação Geral: Fernando Matias (Ovação 2007)
Primeiro DVD de Alfredo Marceneiro editado 25 anos após a sua morte
Lisboa, 15 Julho de 2007 (Lusa)
O primeiro DVD de Alfredo Marceneiro, falecido há 25 anos, "Três gerações de fado", surge esta semana no mercado, e recupera um documentário televisivo de 1980, realizado por Luís Gaspar.
Ao longo do DVD que inclui como extra o videoclip "O lenço" (Henrique Rêgo/Alfredo Marceneiro), o fadista fala da sua história na primeira pessoa, recorda os primeiros tempos, nomeadamente como o apelido "Marceneiro" se lhe colou ao nome.
Alfredo Rodrigo Duarte de baptismo acabaria por ser Alfredo Marceneiro em virtude da profissão, o nome artístico ficou consagrado numa tarde de fados na Esplanada do Rato, em Lisboa, que do cartaz faziam parte, entre outros, Alfredo Pinto e Alfredo Correeiro.
O DVD inclui a participação do seu filho, Alfredo Duarte Júnior que ficou conhecido como "o fadista bailarino", falecido em 1999, e do seu neto Vítor Duarte Marceneiro, que aliás assina a produção televisiva.
Alfredo Duarte Júnior interpreta "É loucura ser fadista" (Júlio de Sousa) e o neto interpreta com o avô "Amor é água que corre" (Augusto de Sousa/A. Marceneiro).
"Esta era uma das coroas de glória do meu avô e deu-me um grande gosto e até emoção ter interpretado isso com ele", recordou à Lusa Vítor Duarte Marceneiro que editou em 1995 uma biografia de Alfredo Marceneiro.
O DVD decorre em ambiente de tertúlia com Alfredo Marceneiro que foi apelidado pela imprensa como "o patriarca do fado", lembra que foi "o primeiro a cantar a meia-luz" e consciente que está a fazer um documentário para a posteridade corrige "gajos" por "fulanos".
Entre "Há festa na Mouraria" (António Amargo/A. Marceneiro) e "Cabelo branco" (H. Rêgo/A. Marceneiro),"Ti'Alfredo" como era tratado carinhosamente pelos fadistas recorda as suas participações nas cegadas e salienta a importância de bem dizer as palavras e respeitar a pontuação.
Quanto à forma de cantar, Marceneiro atesta que "cada qual canta à sua maneira" e nisso é que está "a evidência" do fadista.
Alfredo Marceneiro revela também as suas raízes musicais, o avô materno, fadista e tocador no Cadaval (Concelho do Distrito de Lisboa) e o pai "tocador de trombone ou contrabaixo".
O DVD é acompanhado de um mini-livro onde se referencia a biografia de Alfredo Marceneiro, os estilos que criou, as diferentes edições de discográficas, com destaque para o LP "The fabulous Marceneiro", e sintetiza-se o historial das "três gerações dedo fado" que aliás intitula o DVD.
Outros temas que Alfredo Marceneiro interpreta neste DVD são "Eterno bailado" e "Antes que queira não posso", ambos de H. Rêgo e A. Marceneiro, "O Marceneiro" de Armando Neves e Casimiro de Brito, "A minha freguesia" também de Armando Neves e Marceneiro e, de Silva Tavares e Marceneiro, os fados "A casa da Mariquinhas" e "Fado balada".
In: Lusa por Nuno Lopes
Os "Quatro Marceneiros" pela primeira vez juntos
no CD "Geração Marceneiro"
Produtora: Ovação
Produção: Vítor Duarte Marceneiro
Textos: Vítor Duarte Marceneiro
Capa: Vítor Duarte Marceneiro e Pedro Matias
Maquetização: Pedro Matias
Lisboa, 22 Julho (Lusa) - O CD "Geração Marceneiro", a editar esta semana, reúne pela primeira vez os "quatro Marceneiros", o patriarca Alfredo, os seus dois filhos e o neto, recuperando para o digital alguns inéditos.
Além de Alfredo Marceneiro, o álbum, editado pela Ovação, inclui os seus dois filhos - Alfredo e Carlos - e o neto, Vítor Duarte, "sendo a primeira vez que surgem numa edição discográfica todos os quatro Marceneiros", disse à Lusa fonte da editora discográfica.
"Preenche-se assim uma lacuna ao incluir os dois irmãos - Carlos Duarte e Alfredo Duarte Júnior - pois quando pela primeira vez o conceito geracional tomou forma de disco, em 1973, já Carlos Duarte tinha falecido", esclareceu a mesma fonte.
Carlos Duarte cantou em várias casas de fado de Lisboa mas preferiu sempre manter o estatuto de amador, tendo falecido em 1966.
De Carlos Duarte são recuperados para CD "Vestido azul" (Henrique Rêgo/Alfredo Marceneiro) e "A casa da Mariquinhas" (Silva Tavares/A. Marceneiro) "gravados por alturas de 1964", segundo a editora.
Carlos Duarte é acompanhado por Armandinho (filho) à guitarra portuguesa e à viola por José Inácio, sendo o único que canta dois fados dada a escassez de registos disponíveis.
O outro irmão, que ficou conhecido como "fadista bailarino", Alfredo Duarte Júnior, canta "Três gerações" (João Alberto/A. Marceneiro), "Restos da Mouraria" (Carlos Conde/Martinho d'Assunção) e "Fados do meu pai" que é uma súmula de vários fados que foram êxito na voz do patriarca, Alfredo Marceneiro.
Alfredo Duarte Jr. é acompanhado à guitarra por Francisco Carvalhinho, João Alberto e Luís Ribeiro e à viola por Orlando Silva, Amadeu Ramin e José Maria Nóbrega. O fadista faleceu em Lisboa em 1999.
Em 1991 cantou com o seu filho Vítor Duarte Marceneiro na RTP por ocasião do centenário do nascimento de Alfredo Marceneiro, interpretação agora recuperada pela primeira vez para CD.
Trata-se do fado "A Lucinda Camareira" (H. Rêgo/A. Marceneiro), mas o CD regista também o seu dueto com o pai no fado "Ser fadista" (Armando Neves/A. Marceneiro), outro inédito, gravado em 1970, que o CD traz a lume.
Inédita é também a gravação de 1973 de Vítor Duarte Marceneiro com o seu avô interpretando "O Camponês e o Pescador" (H. Rêgo/A. Marceneiro) que abre o CD.
De Alfredo encontramos três registos, nomeadamente "Conceito", um fado assinado pelo próprio e com letra de Carlos Conde, "Foi na velha Mouraria", também de Marceneiro com letra de Fernando Teles, e "Cabelo branco" de uma "dupla" recorrente, Henrique Rêgo e Marceneiro.
Todos estes fados foram gravados em 1980, sendo o fadista acompanhado por Francisco Carvalhinho, Ilídio Santos e António Bessa (guitarra portuguesa) e José Maria Nóbrega, Orlando Silva e Fernando Reis (viola).
Os três registos de Vítor Duarte Marceneiro, 62 anos, resultam da recuperação de actuações suas ao vivo, um ambiente onde, segundo afirmou à Lusa, se sente "melhor".
"Bairros de Lisboa" (C. Conde/A. Marceneiro) foi gravado numa actuação na TVI, "Louco" (H. Rêgo/A. Marceneiro) num programa na RTP e "Fado Balada" (S. Tavares/A. Marceneiro) numa actuação no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.
"É tudo herança do meu avô, daí não ter um repertório próprio", disse à Lusa o fadista, que projecta editar "talvez ainda este ano" um álbum seu.
Falecido há 25 anos, a longa carreira de Alfredo Marceneiro abrangeu praticamente todo o século XX, tendo-se distinguido como estilista [forma de variar dentro da mesma linha melódica] e compositor.
Alfredo Marceneiro cantou dos bailes de bairro aos cafés de camareiras e retiros até às casas de fado. Deixou numerosos discos, de que se destaca "The Fabulous Marceneiro", mas escassos registos televisivos.
NL.
Lusa/Fim
Geração Marceneiro -Três Gerações de Fado
“Marceneiro é a expressão de uma longa geração que para o Fado nasceu.”
Alfredo Marceneiro (1891-1982) nome incontornável do Fado que nos deixou um importante legado artístico e vivencial, perpetua também o seu “apelido” através dos seus descendentes directos que lhe seguem as pisadas e actualizam o estilo. Se cada um dos que com ele aprenderam a amar e a viver o fado, cante de forma diferente, o sentimento e a garra está-lhes na alma! A essência fadista que herdaram do progenitor.
Três gerações na mesma arte é inédito em Portugal e, segundo cremos, em todo o mundo.
A Alfredo Marceneiro mestre na arte de bem dizer e dividir o verso sucedem-lhe os filhos Carlos Duarte e Alfredo Duarte Júnior, e seu neto Vítor Duarte.
Carlos Duarte (1921-1966), cantou o Fado apenas como amador, situação que fazia questão de acentuar. Era frequentador assíduo dos retiros de fado amador onde era muito considerado, sendo unânime a opinião de todos quantos o escutavam, que era um grande intérprete do Fado.
Infelizmente deixou-nos prematuramente devido a um acidente, mas foi possível conseguir recolher alguns registos da sua forma de cantar. Podemos neste CD ouvir e apreciar o seu tom bem característico, mas carregado de “Marceneiro”.
Alfredo Duarte Júnior (1924-1999) desde muito jovem, embora contra a vontade do pai, quis seguir a carreira de “cantador de fados”, o que acabou por conseguir a carteira profissional aos 18 anos, teve sempre a preocupação de não renegar as origens, criou um estilo próprio, imprimindo às suas interpretações uma coreografia que o levou a ser apelidado de “fadista bailarino”.
Todavia o seu fado é também todo ele carregado de “Marceneiro”
Vítor Duarte, filho de Alfredo Duarte Júnior, começou a cantar como amador, tal como seu tio, no Galito e no Arreda em Cascais.
Cantou em dueto tanto com o pai e como o avô e com ambos gravou. Vítor Duarte Marceneiro tem editado alguns discos, insistindo sempre na sua condição de amador. Também quando canta não enjeita o estilo que lhe está impresso nos genes, e o seu fado é também carregado de “Marceneiro”.
Sendo o que afirma, parafraseando Camões, “amador de cousa amada” tal o seu empenho e amor à causa fadista que além do canto o levou a abraçar com igual dedicação e empenho, a investigação histórica.
É autor da primeira e única biografia de Marceneiro, “Recordar Alfredo Marceneiro” e ainda da monografia “Alfredo Marceneiro – os Fados que ele cantou”. O seu interesse pelas histórias fadista levou-o a escrever aquela que é, até ao momento, a única biografia de Hermínia Silva.
Na sua área profissional, o audiovisual, produziu em 1979 o programa televisivo para a RTP “Alfredo Marceneiro – 3 Gerações de Fado”, exibido em 14 de Janeiro de 1980.
O futuro nos dirá se nas gerações seguintes se manifestarão também os genes e um outro descendente dê continuidade a esta prática fadista já que o legado Alfredo Rodrigo Duarte, para todos “o Marceneiro”, é perpétuo.
NL. (*)
Lusa/Fim