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Alfredo Marceneiro "O Patriarca do Fado"

Alfredo Marceneiro na Voz do Operário

Vítor Marceneiro, 24.09.13

 

 

Em 1918, estava Alfredo com 27 anos,  o novo regime da Republica ainda não está bem cimentado, há desacatos e antros de má fé, em que Alfredo não se mete, anda nos bailaricos de Campo de Ourique e de Alcântara, e como já se explicou no carnaval não falta com a sua contribuição nas cegadas. Mas toma conhecimento que na  "A Voz do Operário" se reúnem pessoas de cultura acima da média, que mantém discussões quer politicas quer culturais, faz-se sócio, e é por aí que passa a ser visto com frequência. Aliada a uma   predisposição   para ler , foram decerto estas reuniões, muitas delas com debates poéticos,  que  muito contribuíram para aumentar  a sua cultura geral, o que aliás se vem a verificar na sua dicção e divisão dos versos que canta, assim como na escolha e análise que faz aos poemas que escolhe, não nos podemos esquecer que Alfredo só tem a 4ª classe, tirada em 1899. 

 

 



Grande fadista amigo e meu igual,

meu igual na tristeza e na amizade —

quem, porventura, com justiça, há-de

retratar-te por forma original?!

 

Se este retrato alguma coisa vale,

mais do que ao Afecto, devo-o à Verdade:

— Tu és, no sentimento da Saudade,

o fadista maior de Portugal.

 

Ente o povo sofreste, e tens do povo

toda a expressão de amor  — glória suprema

de quem para o cantar nasceu talvez...

 

A  tua alcunha «Marceneiro», eu louvo:

Vale mais que um brazão. Vale um poema.

                                —  Vale a alma do Povo Português!

 

 

 





Poema de Armando Neves dedicado a Alfredo Marceneiro, publicado no jornal "Stadium" em 1941

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